Temos nossa primeira mulher presidente!!!!!!

Com emoção acompanhei hoje o lindo e pungente discurso de uma mulher como eu, que desfilou em carro aberto pela capital do país não em companhia de um homem ( o que muitos julgam totalmente necessário!!) mas ao lado da sua única filha, que a ladeou durante todo o evento no qual se sagrou a primeira-dama nacional, sendo ela, por si própria, primeira mulher a assumir o mais alto cargo governamental do país. O que mais me alegra muito antes deste feito inédito é o fato de um homem (grande e inesquecível homem como LULA!) ter visto nela, que responde pelo prenome Dilma, muito antes que muitos pudessem supor, algo mais que um vulto feminino capaz a acompanhá-lo como fiel aprendente nos diversos momentos importantes de sua gestão política, nestes 8 anos em que esteve a frente de tão honroso e difícil cargo na República Brasil, competências essas, por certo muitas, distribuídas em distintas habilidades próprias do ser feminino para compor com honra o exercício de governante nacional, sem que isso represente algum tipo de apologia feminista desnecessária penso eu; ao contrário, reconheço homens que foram importantes na trajetória de desenvolvimento deste país, com méritos inclusive.

Mas há uma questão inegável: Mulher, mãe, avó, militante política, acadêmica, que não esqueceu a própria mãe no ato de seu pronunciamento formal, hj recebeu o mérito (mais que merecido!) de ser uma mulher no poder, mais que isso: aquela que abriu a possibilidade, primeira de muitas outras que passarão por esse caminho aberto por ela, com a tensa e imprescindível missão de dirigir um exército de numerosos homens e algumas corajosas mulheres que figuram no cenário político precisando acertar, imediatamente, os rumos deste imenso país. Fazendo jus àquilo que prometeu defender como bandeira de forma aguerrida: a erradicação da miséria, da pobreza física e intelectual de muitos de nossos irmãos e irmãs, brasileiros, desejando com seu ofício- serviço (máximo diga-se de passagem!) "possiblitar que pais e mães deste Brasil afora, muitos deles que vivem em condições sub-humanas, possam dar dignidade a seus filhos, algo que muito provalmente muitos deles desconheem, se quer sabem do que se trata.

Muitos poderão dizer que isso é palavratório, discurso bonito e "bem arrumadinho" em frente a imprensa internacional e dos chefes de estado ali representados em dia de posse. Pode até ser, só o tempo confirmará. No entanto, em Dilma, hj se repete a minha sina vocacionada à esperança, de procurar acreditar sempre apesar de tudo no NOVO que vem pra nós, prevê sempre o melhor das coisas, entendendo que esse governo precisa de mim também e de toda nação pra acontecer de verdade; não com estrageirismos de quem fala do que não conhece, mas com o coração reconhecidamente feliz de quem vive a difícil tarefa de se constituir mulher de direitos, valorizada em sua sensibilidade, escolhas e razão numa sociedade ainda crivada de preconceito, machismo, pretensamente fadada ao descaso e a repetição de receitas políticas que se repetem/ revezam entre políticos por gerações.
Não! Há aqui, em mim uma recusa veemente por aceitar a condição de que nada é mutável, de que nada ou muito pouco mudou com LULA e que o fosso das desigualdades econômicas e sociais se alargou ainda mais. Dilma que aprendeu dele/ com ele, me motiva a creditar em outra estação, não por ela talvez porque pouco a conheço, mas por quem a conheceu melhor, de perto, militou ao seu lado, ouviu dela, aprendeu com ela por certo, construindo COM ELA a possibilitando de vê-la despontar como sua sucessora à altura, esse legado que todo cidadão e cidadã brasileira merece ter em si: a POSIBILIDADE de alcançar objetivos, o alcance deste sonho construído por várias pessoas, em diferentes contextos desse miscelâneo universo denominado país; muitas e diferentes mãos, mãos que tão bem representaram os votantes nela, como eu, em seus aplausos calorosos, hoje a tarde em Brasília, capital do Brasil, saudando-a com as energias necessárias, o axé de que ela tanto precisa pra seguir com coragem e determinação ao que se propôs realizar.

Imersa nesse sentimento de festa, homenagem simples de uma mulher brasileira como tantas outras companheiras dos campos, cerrados, florestas, margens dos rios e cidades, partilho com vocês como ato carinhoso, não as minhas, mas as palavras de Martha Medeiros, especialista em mulher para todos nós que elegemos Dilma Rousseff nossa presidente!!


Mamãe Noel


Sabe por que Papai Noel não existe? Porque é homem. Dá para acreditar que um homem vai se preocupar em escolher o presente de cada pessoa da família, ele que nem compra as próprias meias? Que vai carregar nas costas um saco pesadíssimo, ele que reclama até para colocar o lixo no corredor? Que toparia usar vermelho dos pés à cabeça, ele que só abandonou o marrom depois que conheceu o azul-marinho? Que andaria num trenó puxado por renas, sem ar-condicionado, direção hidráulica e air-bag? Que pagaria o mico de descer por uma chaminé para receber em troca o sorriso das criancinhas? Ele não faria isso nem pelo sorriso da Luana Piovani! Mamãe Noel, sim, existe.

Quem é a melhor amiga do Molocoton, quem sabe a diferença entre a Mulan e a Esmeralda, quem conhece o nome de todas as Chiquititas, quem merecia ser sócia-majoritária da Superfestas? Não é o bom velhinho.

Quem coloca guirlandas nas portas, velas perfumadas nos castiçais, arranjos e flores vermelhas pela casa? Quem monta a árvore de Natal, harmonizando bolas, anjos, fitas e luzinhas, e deixando tudo combinando com o sofá e os tapetes? E quem desmonta essa parafernália toda no dia 6 de janeiro?

Papai Noel ainda está de ressaca no Dia de Reis. Quem enche a geladeira de cerveja, coca-cola e champanhe? Quem providencia o peru, o arroz à grega, o sarrabulho, as castanhas, o musse de atum, as lentilhas, os guardanapinhos decorados, os cálices lavadinhos, a toalha bem passada e ainda lembra de deixar algum disco meloso à mão?

Quem lembra de dar uma lembrancinha para o zelador, o porteiro, o carteiro, o entregador de jornal, o cabeleireiro, a diarista? Quem compra o presente do amigo-secreto do escritório do Papai Noel? Deveria ser o próprio, tão magnânimo, mas ele não tem tempo para essas coisas. Anda muito requisitado como garoto-propaganda.

Enquanto Papai Noel distribui beijos e pirulitos, bem acomodado em seu trono no shopping, quem entra em todas as lojas, pesquisa todos os preços, carrega sacolas, confere listas, lembra da sogra, do sogro, dos cunhados, dos irmãos, entra no cheque especial, deixa o carro no sol e chega em casa sofrendo porque comprou os mesmos presentes do ano passado?

Por trás do protagonista desse megaevento chamado Natal existe alguém em quem todos deveriam acreditar mais.

(Dezembro de 1998).


Martha Medeiros (1961) é gaúcha de Porto Alegre, onde reside desde que nasceu. Fez sua carreira profissional na área de Propaganda e Publicidade, tenho trabalhado como redatora e diretora de criação em vária agências daquela cidade. Em 1993, a literatura fez com que a autora, que nessa ocasião já tinha publicado três livros, deixasse de lado essa carreira e se mudasse para Santiago do Chile, onde ficou por oito meses apenas escrevendo poesia.
De volta ao Brasil, começou a colaborar com crônicas para o jornal Zero Hora, de Porto Alegre, onde até hoje mantém coluna no caderno ZH Donna, que circula aos domingos, e outra — às quartas-feiras — no Segundo Caderno. Escreve, também, uma coluna semanal para o sítio Almas Gêmeas e colabora com a revista Época.

Seu primeiro livro, Strip-Tease (1985), Editora Brasiliense - São Paulo, foi o primeiro de seus trabalhos publicados. Seguiram-se Meia noite e um quarto (1987), Persona non grata (1991), De cara lavada (1995), Poesia Reunida (1998), Geração Bivolt (1995), Topless (1997) e Santiago do Chile (1996). Seu livro de crônicas Trem-Bala (1999), já na 9a. edição, foi adaptado com sucesso para o teatro, sob direção de Irene Brietzke. A autora é casada e tem duas filhas.


Texto extraído do livro "Trem-bala", L&PM Editores - Porto Alegre, 2002, pág. 177.

Disponível em http://www.releituras.com/mamedeiros_noel.asp, imagem Capango disponível em http://www.google.com/imgres?imgurl=https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhFNZ7wY_xzSrYKP3_p9m0SjAVbYsUDT_HwhGt4SIJfCsdByuEsif6I6A6wugvvwocE8k_b5rkH0hdcByCCkqFJf91wKTaFnaHOjYc2hecE-d2K44kC6x6AS2i-wzCrr1fShMKA6WzzAaM/s800/Capango%253F.jpg&imgrefurl=http://samuel-cantigueiro.blogspot.com/2009_12_01_archive.html&usg=__FkM_VOl7hj8UxfjL4s7h2ItkTGU=&h=800&w=614&sz=153&hl=pt-BR&start=0&sig2=juZ3A4qHls6ZUY4gYY7UfA&zoom=1&tbnid=m1OS0a02lHsxzM:&tbnh=156&tbnw=120&ei=l6MfTc3_HsKB8gaHjcXFDQ&prev=/images%3Fq%3Dm%25C3%25A3e%2Btrabalhadora%26um%3D1%26hl%3Dpt-BR%26biw%3D1024%26bih%3D624%26tbs%3Disch:1&um=1&itbs=1&iact=hc&vpx=258&vpy=57&dur=3381&hovh=256&hovw=197&tx=131&ty=141&oei=l6MfTc3_HsKB8gaHjcXFDQ&esq=1&page=1&ndsp=14&ved=1t:429,r:1,s:0

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