ZECA LIGIÈRO trás pesquisa afro- ameríndia para Belém
O professor Zeca Ligiéro, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, oferece, em Belém, a oficina “Estudos da Performance Afro-Ameríndia: criação e documentação digital”, voltada para artistas, pesquisadores e demais interessados. A passagem de Ligiéro por Belém deverá também inaugurar parceria artística com o Pará.O professor Zeca Ligiério, fundador do Núcleo de Estudos das Performances Afro-
Ameríndias da Unirio (Nepaa), fez Mestrado e Doutorado na New York University, sob orientação de Richard Schechner, uma das mais importantes referências nos estudos da Performance, e desde o ano 2000, faz parte do Instituto Hemisférico de Performance e Política, um grupo de instituições e artistas, que ajudou a fundar junto a norte-americana Diana Taylor, e atua na realização de pesquisas e encontros em torno da Performance em todo o continente americano. Nos últimos anos, o Nepaa foi responsável pela realização de encontros dentro e fora do Brasil, reunindo pesquisadores e artistas de vários países da América Latina, como Augusto Boal, Amir Hadad, Paolo Vignolo, e Regina Polo Müller, dentre outros.
A oficina “Estudos da Performance Afro-Ameríndia: criação e documentação digital” deriva de uma prática de investigação de campo de aproximadamente quinze anos. Documentos audiovisuais, textos e experiências guardam o registro de práticas performativas, que popularmente conhecemos como folguedos, danças, manifestações e festas populares. “A necessidade de documentar criou a coleção de variado material, com destaque especial à questão do corpo”, explica Ligiéro; “a partir daí, conceituamos as ‘práticas performativas’, traçando o que chamo de ‘motrizes culturais’, ou seja, as dinâmicas em que se processam essas tradições, a partir da ‘restauração’ de determinados comportamentos ancestrais, de raiz étnica, um conceito do Professor Schechner a partir do qual identificamos as origens afro-brasileiras ou ameríndias”, explica.
Segundo Ligiéro, o objetivo da oficina não é chegar a um trabalho simplesmente antropológico ou etnográfico, mas a um uso artístico do material coletado materializado em experiências de campo em novas experimentações performáticas.
A oficina se divide em duas etapas: a primeira deverá promover um mergulho nos estudos da performance, abrindo espaço para a reflexão sobre as possibilidades de criação artística em performances solo, de grupo, danças, ou até mesmo, num espetáculo de teatro. A segunda etapa será a pesquisa de campo propriamente dita, sempre com assistência do professor. O objetivo aí será dar início aos processos de criação de cada participante. No final da oficina, espera-se ter um registro documentado e editado em vídeo, além da apresentação das criações individuais ou coletivas para o público. “O objetivo final é chegarmos próximo da formação de um artista-pesquisador, estou muito interessado nessa formação em que o artista possa desenvolver seu trabalho inserido numa investigação de cunho social, antropológico, a partir de suas tradições”, afirma Ligiéro. Segundo ele, o artista-pesquisador é aquele que se debruça nas suas origens e no diálogo crítico com as tradições. “Se você não sabe para onde vai, pergunte de onde você veio”, afirma o professor, citando um ditado africano.
Performance no Pará
A ligação do Nepaa com o Pará tem raízes e destinos curiosos. Desde 2007, a artista paraense Michele Campos, formada pela Escola de Teatro e Dança da UFPA, vem residindo no Rio de Janeiro para desenvolver sua pesquisa de Mestrado sob a batuta acadêmica de Zeca Ligiéro. A investigação sobre o diretor paraense Luiz Otávio Barata deverá ser apresentada no segundo semestre de 2010 e conta com uma rede colaborativa que envolve artistas e pesquisadores de Belém e até da Europa conectados por meio do blog da pesquisa, o opalhacodedeus.wordpress.com. A partir desse ano, mais um paraense realizará pesquisa acadêmica no Nepaa, Miguel Santa Brígida começa seu pós-doutorado na Unirio esse semestre.
Quanto a oficina em Belém, Zeca Ligiéro afirma que é fruto de um interesse sobre manifestações como a marujada, o carimbó, e o lundu, praticamente extinto no restante do Brasil. “O Pará é um Estado em que essas manifestações aparecem de forma bastante intensa; aqui a confluência do afro e do ameríndio me parece muito forte”, afirma. Há algum tempo que a ETDUFPa, por meio de Karine Jansen, vinha convidando Ligiéro para vir a Belém, mas a oportunidade se materializou só agora graças a aprovação de um projeto do Nepaa no programa Residência Artística da Funarte, que trouxe o pesquisador para a cidade de Soure, no Marajó. Juntando as forças, a ETDUFPa angariou apoio do IAP e do ICA/UFPA para viabilizar de vez o curso em Belém.
A idéia é que esse curso resulte na instauração de uma base do Nepaa no Pará. “Ao longo dos anos, juntamos um acervo de DVDs, CDs, textos, livros, peças, e ao mesmo tempo uma demanda crescente por material”, explica Zeca. Criar outros pólos de estudo das performances fora do Rio de Janeiro é uma forma de compartilhar e realimentar esse acervo. Em Bogotá, já existe uma parceria formada, e Belém deverá ser a próxima base.
SERVIÇO: A oficina “Estudos da Performance Afro-Ameríndia: criação e documentação digital” acontece na ETDUFPa (Trav. Dom Romualdo de Seixas , 820, esquina com a Rua Jerônimo Pimentel), de 25 a 30 de janeiro, no período da manhã. Na parte da tarde, haverá uma exibição de vídeos do Nepaa aberta ao público. As inscrições são gratuitas, mas as vagas limitadas.
Ameríndias da Unirio (Nepaa), fez Mestrado e Doutorado na New York University, sob orientação de Richard Schechner, uma das mais importantes referências nos estudos da Performance, e desde o ano 2000, faz parte do Instituto Hemisférico de Performance e Política, um grupo de instituições e artistas, que ajudou a fundar junto a norte-americana Diana Taylor, e atua na realização de pesquisas e encontros em torno da Performance em todo o continente americano. Nos últimos anos, o Nepaa foi responsável pela realização de encontros dentro e fora do Brasil, reunindo pesquisadores e artistas de vários países da América Latina, como Augusto Boal, Amir Hadad, Paolo Vignolo, e Regina Polo Müller, dentre outros.A oficina “Estudos da Performance Afro-Ameríndia: criação e documentação digital” deriva de uma prática de investigação de campo de aproximadamente quinze anos. Documentos audiovisuais, textos e experiências guardam o registro de práticas performativas, que popularmente conhecemos como folguedos, danças, manifestações e festas populares. “A necessidade de documentar criou a coleção de variado material, com destaque especial à questão do corpo”, explica Ligiéro; “a partir daí, conceituamos as ‘práticas performativas’, traçando o que chamo de ‘motrizes culturais’, ou seja, as dinâmicas em que se processam essas tradições, a partir da ‘restauração’ de determinados comportamentos ancestrais, de raiz étnica, um conceito do Professor Schechner a partir do qual identificamos as origens afro-brasileiras ou ameríndias”, explica.
Segundo Ligiéro, o objetivo da oficina não é chegar a um trabalho simplesmente antropológico ou etnográfico, mas a um uso artístico do material coletado materializado em experiências de campo em novas experimentações performáticas.
A oficina se divide em duas etapas: a primeira deverá promover um mergulho nos estudos da performance, abrindo espaço para a reflexão sobre as possibilidades de criação artística em performances solo, de grupo, danças, ou até mesmo, num espetáculo de teatro. A segunda etapa será a pesquisa de campo propriamente dita, sempre com assistência do professor. O objetivo aí será dar início aos processos de criação de cada participante. No final da oficina, espera-se ter um registro documentado e editado em vídeo, além da apresentação das criações individuais ou coletivas para o público. “O objetivo final é chegarmos próximo da formação de um artista-pesquisador, estou muito interessado nessa formação em que o artista possa desenvolver seu trabalho inserido numa investigação de cunho social, antropológico, a partir de suas tradições”, afirma Ligiéro. Segundo ele, o artista-pesquisador é aquele que se debruça nas suas origens e no diálogo crítico com as tradições. “Se você não sabe para onde vai, pergunte de onde você veio”, afirma o professor, citando um ditado africano.
Performance no Pará
A ligação do Nepaa com o Pará tem raízes e destinos curiosos. Desde 2007, a artista paraense Michele Campos, formada pela Escola de Teatro e Dança da UFPA, vem residindo no Rio de Janeiro para desenvolver sua pesquisa de Mestrado sob a batuta acadêmica de Zeca Ligiéro. A investigação sobre o diretor paraense Luiz Otávio Barata deverá ser apresentada no segundo semestre de 2010 e conta com uma rede colaborativa que envolve artistas e pesquisadores de Belém e até da Europa conectados por meio do blog da pesquisa, o opalhacodedeus.wordpress.com. A partir desse ano, mais um paraense realizará pesquisa acadêmica no Nepaa, Miguel Santa Brígida começa seu pós-doutorado na Unirio esse semestre.
Quanto a oficina em Belém, Zeca Ligiéro afirma que é fruto de um interesse sobre manifestações como a marujada, o carimbó, e o lundu, praticamente extinto no restante do Brasil. “O Pará é um Estado em que essas manifestações aparecem de forma bastante intensa; aqui a confluência do afro e do ameríndio me parece muito forte”, afirma. Há algum tempo que a ETDUFPa, por meio de Karine Jansen, vinha convidando Ligiéro para vir a Belém, mas a oportunidade se materializou só agora graças a aprovação de um projeto do Nepaa no programa Residência Artística da Funarte, que trouxe o pesquisador para a cidade de Soure, no Marajó. Juntando as forças, a ETDUFPa angariou apoio do IAP e do ICA/UFPA para viabilizar de vez o curso em Belém.
A idéia é que esse curso resulte na instauração de uma base do Nepaa no Pará. “Ao longo dos anos, juntamos um acervo de DVDs, CDs, textos, livros, peças, e ao mesmo tempo uma demanda crescente por material”, explica Zeca. Criar outros pólos de estudo das performances fora do Rio de Janeiro é uma forma de compartilhar e realimentar esse acervo. Em Bogotá, já existe uma parceria formada, e Belém deverá ser a próxima base.
SERVIÇO: A oficina “Estudos da Performance Afro-Ameríndia: criação e documentação digital” acontece na ETDUFPa (Trav. Dom Romualdo de Seixas , 820, esquina com a Rua Jerônimo Pimentel), de 25 a 30 de janeiro, no período da manhã. Na parte da tarde, haverá uma exibição de vídeos do Nepaa aberta ao público. As inscrições são gratuitas, mas as vagas limitadas.
Contatos e maiores informações pelo fone da Escola, (91) 3212-5050.
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Publicado em janeiro 22, 2010 por bomgadamata
Por Marcello Gabbay
Músico e doutorando em Comunicação e Cultura pela UFRJ.
Por Marcello Gabbay
Músico e doutorando em Comunicação e Cultura pela UFRJ.
Acessado em 07/04/10


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